Por Alexandre França
Renata Bruel e Marcos Reis - dois novos parceiros neste
início nebuloso que começou em 2011 com o término da escrita de Mínimo Contato.
Uma peça que imaginei como um tempo fechado de vozes, formando uma multidão
cinza acerca do que entendemos hoje por um ser humano. Uma peça que deixou em
minha mente um buraco negro exposto – um enigma sobre vida e arte que, talvez
no final de meus dias, eu saiba compreender. Qual foi a surpresa ao me deparar
com uma nova face deste mesmo enigma: uma nova forma de encenar um texto que já
havia se cristalizado pela lapidação das horas. Marcos e Renata dilataram a poesia do
incompreendido – roubaram do tempo, por 45 minutos, a arquitetura da duração. E
me ensinaram tanto nesses três meses de São Paulo – pra mim, um intensivo nesta
cidade cheia de contrastes e contradições – fúria, mágoa, apatia, lágrimas,
alívio e potência misturados, formando uma mesma cor que ninguém saberia
identificar. Nesse meio tempo, foram muitas portas na cara, mas também muita
generosidade e braços abertos. Esta nova montagem de Mínimo Contato marca não
só a criação da Nebulosa Companhia, mas também a minha chegada em São Paulo. Uma
cidade que, assim como essa peça, deixará aberto um buraco negro, garoando
eternamente dúvidas em minha cabeça.
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