segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sobre Mínimo Contato - a nova montagem da Nebulosa Companhia

O texto Mínimo Contato teve sua primeira montagem realizada no Festival de Curitiba em abril de 2011. Foi sucesso de crítica e público, recebendo o seguinte comentário na época de Christiane Riera da Folha de São Paulo, “No quesito dramaturgia inovadora, destaque absoluto para o diretor Alexandre França. Sua peça "Mínimo Contato" tem texto sagaz, em que os atores trocam sutilmente os papéis de agressor e vítima, revelando que o tema da tortura nas relações sociais nasce de um lugar mais íntimo e primitivo.” A nova montagem paulista marca a criação da Nebulosa Companhia, composta pelo autor e diretor da peça e pelos atores Renata Bruel e Marcos Reis.


O texto toca em pontos cruciais do funcionamento da sociedade contemporânea. Explora os limites da tortura, as relações de poder existentes nela - até onde ela é um jogo, até onde ela possui afetos, prazer ou pura crueldade. Ao fazer isto, a peça promove questionamentos sobre a existência e o funcionamento da tortura nas diversas camadas sociais - na escola, no trabalho, nas ruas, ou no universo lúdico da mente de uma criança. Mínimo Contato é um convite à reflexão sobre o tema da tortura na sociedade atual.

A peça estréia dia 25 de novembro no terceiro andar do Sesc Consolação

Teaser - Varal. Da peça Mínimo Contato (estréia dia 25 de novembro no Sesc Consolação)

Mínimo contato Teaser 01 from Victor Ribeiro on Vimeo.

Teaser - Tom e Jerry. Da peça Mínimo Contato (estréia dia 25 de novembro no Sesc Consolação)

Teaser minimo 3 from Victor Ribeiro on Vimeo.

Mínimo Contato e a Nebulosa Companhia

Por Alexandre França


Renata Bruel e Marcos Reis - dois novos parceiros neste início nebuloso que começou em 2011 com o término da escrita de Mínimo Contato. Uma peça que imaginei como um tempo fechado de vozes, formando uma multidão cinza acerca do que entendemos hoje por um ser humano. Uma peça que deixou em minha mente um buraco negro exposto – um enigma sobre vida e arte que, talvez no final de meus dias, eu saiba compreender. Qual foi a surpresa ao me deparar com uma nova face deste mesmo enigma: uma nova forma de encenar um texto que já havia se cristalizado pela lapidação das horas.  Marcos e Renata dilataram a poesia do incompreendido – roubaram do tempo, por 45 minutos, a arquitetura da duração. E me ensinaram tanto nesses três meses de São Paulo – pra mim, um intensivo nesta cidade cheia de contrastes e contradições – fúria, mágoa, apatia, lágrimas, alívio e potência misturados, formando uma mesma cor que ninguém saberia identificar. Nesse meio tempo, foram muitas portas na cara, mas também muita generosidade e braços abertos. Esta nova montagem de Mínimo Contato marca não só a criação da Nebulosa Companhia, mas também a minha chegada em São Paulo. Uma cidade que, assim como essa peça, deixará aberto um buraco negro, garoando eternamente dúvidas em minha cabeça.